
O CEO da Rede VOA, concessionária que administra o aeroporto de Ubatuba, no litoral Norte de São Paulo, Marcel Moure, afirmou à CBN que ainda é preciso entender o motivo de o piloto envolvido no acidente na quinta-feira escolher fazer o pouso pela cabeceira com menor comprimento de pista por causa de um morro na região. Ele destacou que o local consegue receber aeronaves do mesmo modelo, mas chegando pelo sentido oposto, ou seja, pela praia.
“Então, a cabeceira oposta, que vai do sentido da praia, que é onde essa aeronave de ontem veio a pousar, ela tem 380 metros a menos. Então, se nós tirarmos 940 com 380, a gente vai chegar ali a 580 metros. Aí, nesta situação, na cabeceira optada pelo comandante da aeronave, por razões diversas, essa cabeceira tem disponível, para pouso, um valor menor do que o fabricante estabelece para operar o modelo do avião.”
Marcel Moure disse que a informação de que uma das cabeceiras conta com menos pista para pouso está publicada e disponibilizada a todos os pilotos. Segundo ele, o deslocamento da cabeceira é antigo por causa do crescimento da vegetação na área, mas que a concessionária trabalha para liberar a pista inteira também nesse sentido:
“Nós, da Rede Voa, desde que assumimos a concessão em 2017, vemos trabalhando para tentar retornar essa cabeceira ao comprimento original, porque a pista, em termos de asfalto, ela sempre terá 940, seja de um lado ou de outro.”
Segundo Moure, o aeroporto opera sem torre de controle, exigindo que os pilotos escolham a cabeceira com base nas condições visuais, o que pode ter influenciado o desfecho.
‘É um aeroporto seguro dentro das normas previstas para ele, mas que opera em condições visuais. Então, sim, as condições eram visuais, porém havia degradação meteorológica, a pista estava molhada, tá certo? Ou seja, várias questões agravadas, mas a opção de pousar na cabeceira apontada para o mar contraria o manual. Então, isso com certeza é um fator crítico que o pouso ficou de muito risco, e provavelmente deve ter sido um dos fatores contribuintes’.
O piloto da aeronave, Paulo Seghetto, morreu. Os quatro passageiros que estavam a bordo continuam internados em Caraguatatuba. O estado de saúde das crianças e do homem é estável, e o quadro da mulher é considerado grave.