
“Não é um abdome fácil de manipular”, diz Alexandre Carlos. Desde que levou uma facada em setembro de 2018, Bolsonaro já passou por ao menos cinco cirurgias relacionadas ao ferimento. Assim, toda vez que cortes são feitos, ficam cicatrizes que podem formar as aderências.
Médico da equipe disse que procedimento seria de grande dimensão. “É uma cirurgia bem extensa. Veja bem, é um abdome que já foi muito manipulado desde lá de 2018, quando teve a facada”, disse o cardiologista Leandro Echenique, integrante da equipe do médico particular de Bolsonaro, Cláudio Birolini.
O objetivo da laparotomia é justamente liberar as aderências intestinais. Elas são cicatrizes, um tecido fibroso que pode puxar o intestino, ou seja, causar uma retração. Isso leva à obstrução do órgão e impede a passagem de gases e fezes. “Por isso, o paciente vai ter cólica, porque o intestino dilata, e ele pode vomitar”, explica o gastroenterologista.
A suboclusão intestinal de Bolsonaro é uma condição temporária. Em alguns casos, medidas como jejum de 48 horas e medicação na veia revertem o quadro, e a pessoa volta a comer, com fluxo intestinal normal. Mas quando a situação se prolonga por mais tempo sem resultado positivo, a cirurgia se faz necessária.
Por fim, Bolsonaro passará pela reconstrução da parede abdominal. “Quando se faz uma cirurgia, corta a pele, músculos e às vezes o paciente pode ficar com hérnias, então a reconstrução é dar pontos melhores, às vezes colocar tela para não ter hérnia”, diz Alexandre Carlos, que também é membro do núcleo de doença inflamatória intestinal dos hospitais Sírio-Libanês e Albert Einstein.
Procedimento não garante fim dos episódios de obstrução. “Por mais bem feita que seja a cirurgia, não impede que tenha outras crises no futuro”, diz o médico. Ele avalia que o grande desafio do procedimento, depois de outras intervenções cirúrgicas, é não cortar muito o intestino. “Não sei se vai ser necessário, a menos que tenha parte necrosada. Isso será decidido no meio da cirurgia.”