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‘Nasci de novo’, diz mulher internada após ser atingida por estilhaço de avião que caiu em Ubatuba

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‘Nasci de novo’, diz mulher internada após ser atingida por estilhaço de avião que caiu em Ubatuba

A professora Rosana Maria Alves Vieira, de 59 anos, e o filho Caio Vieira Lopes, de 29, não viam o mar há cinco anos. Planejaram aproveitar as férias para conhecer Ubatuba, no Litoral Norte de São Paulo, numa viagem de carro que levou dez horas. Mas no terceiro dia de passeio, viram o sossego ser abruptamente interrompido: eles estavam no local onde um avião bimotor explodiu após escapar da pista de pouso do aeroporto da cidade e atravessar uma avenida à beira-mar. O piloto, Paulo Seguetto, morreu. Outras cinco pessoas foram hospitalizadas, incluindo Rosana, atingida por um estilhaço no pé esquerdo:

— A sensação é de que eu nasci de novo. Lembro de tudo, a todo momento. Na hora da explosão, pensei que fosse morrer. E depois fiquei pensando por que eu estava ali, por que decidimos parar. Agora só quero voltar para casa. Mas não de avião. Não quero nem passar perto de aeroporto — disse a professora ao GLOBO, no Hospital Regional do Litoral Norte, em Caraguatatuba.

O acidente ocorreu pouco depois das 10h da manhã de quinta-feira. O dia estava chuvoso, o que levou Rosana e Caio a decidirem fazer uma caminhada em vez de optarem pela praia. Fizeram um trajeto de cerca de dois quilômetros, no qual passaram em frente ao Aquário de Ubatuba. Pensaram em entrar, mas foram desencorajados pela longa fila. Decidiram tentar de novo quando voltassem.

Ao se aproximar do aeroporto de Ubatuba, viram o Cessna modelo Citation 525 baixando.

— Ele (Caio) até falou que se continuasse daquele jeito, o avião ia bater no morro — conta Rosana.

A aeronave, porém, conseguiu fazer a curva, iniciando o procedimento para aterrisar. Rosana e Caio resolveram assistir à manobra próximos a uma mureta que separa a areia de uma área de lazer em frente à praia, exatamente na direção da pista de pouso. Foi quando perceberam que o avião não perdeu velocidade. A aeronave destruiu o alambrado do aeroporto e avançou para onde eles estavam em questão de segundos.

— Quando vi o avião levantando a grama já fora da pista de pouso eu gritei: ‘corre, mãe!’. Eu saí, veio a explosão, e minha mãe estava no chão pedindo ajuda — lembra Caio.

O jovem socorreu a mãe, ambos em choque, mas Rosana não conseguia se levantar. Uma paramédica que chegou em seguida ajudou a estancar o sangramento até que uma ambulância levasse a professora à Santa Casa de Ubatuba, onde o corte foi fechado. Na sexta-feira, a mulher foi transferida para Caraguatatuba.

Rosana teve uma fratura no pé atingido pelo estilhaço e ficará com o membro imobilizado. Ela passará por uma cirurgia no joelho direito, também por conta do impacto, mas para isso a perna precisará desinchar um pouco. O procedimento está previsto para terça-feira, e a professora só deve ter alta no fim da próxima semana.

Além de Rosana, quatro pessoas da mesma família que estavam a bordo do avião também foram hospitalizadas. O casal e os dois filhos foram transferidos na sexta-feira para a capital paulista.

As causas do acidente aéreo são investigadas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) da Força Aérea Brasileira (FAB) e também pela Polícia Civil de São Paulo e Polícia Federal. Parte dos equipamentos recuperados dos destroços da aeronave deve ser levada para perícia em Brasília, segundo a delegada responsável pelo inquérito.