
“A grosso modo, a situação do ex-presidente era um abdômen hostil, múltiplas cirurgias prévias, aderências causando um quadro de obstrução intestinal e uma parede abdominal bastante danificada em função da facada, em função das cirurgias prévias. Isso já nos antecipava o fato de que seria um procedimento bastante complexo e bastante trabalhoso. Para vocês terem ideia, para a gente conseguir acessar a cavidade abdominal do ex-presidente foram praticamente duas horas de cirurgia, mais umas quatro ou cinco horas de liberação de aderências. Uma vez finalizada essa parte do procedimento, a gente começa a segunda etapa, que é a etapa de bolar uma estratégia de reconstrução. Toda vez que você viola a cavidade, você coloca inadvertidamente contaminantes dentro da cavidade, que é pó da luva, fiapo das compressas que usa para fazer controle do sangramento. E esses contaminantes causam uma reação inflamatória no peritônio, e o peritônio reveste tanto os intestinos quanto a parede abdominal”.