
O ex-senador José Anibal (PSDB-SP), que é presidente do diretório municipal do partido na capital paulista, cobrou os deputados tucanos que apoiaram a urgência do PL da Anistia e disse que eles devem retirar suas assinaturas. Dos 13 parlamentares da bancada, 5 contribuíram com o pedido de urgência, que totalizou 262 adesões: Geovania de Sá (SC), Daniel Trzeciak (RS), Beto Richa (PR), Lucas Redecker (RS) e Beto Pereira (MS).
Em rede social, nesta terça-feira (15), Anibal afirmou que a proposta beneficia “golpistas que atentaram contra a Constituição e as instituições democráticas” e lembrou que os fundadores do PSDB “foram perseguidos e cassados” pela ditadura militar (1964-1985). “Para nós, democracia é um valor absoluto”, disse. Ele também conclamou “outros parlamentares de partidos comprometidos com a democracia” a recuarem no apoio à medida.
“No dizer de Ulysses Guimarães, traidor da Constituição é traidor da pátria! Não à anistia aos golpistas!”, escreveu. O dirigente já tinha ido às redes sociais nos últimos dias criticar o prefeito Ricardo Nunes (MDB) por, segundo ele, trabalhar dentro de seu partido por anistia a golpistas. Nunes esteve na manifestação em defesa da causa convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no dia 6, na avenida Paulista.
Ao Valor, Anibal diz que recebeu centenas de mensagens de apoio à sua postagem. Ele afirma que eventuais exageros na aplicação de penas aos condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023 podem ser discutidos, mas o que está em curso é uma ação para proteger o ex-presidente. “No que se refere a Bolsonaro e outros artífices, não tem que ter gradação nenhuma. É a lei, e ponto. Nos outros casos, eventualmente se cometem exageros, e não tenho especial resistência à discussão sobre penalidade. Tenho resistência é em se transformar isso numa bandeira do Bolsonaro.”
O ex-senador diz ainda que o PSDB “é um partido que tem história”, com iniciativas da magnitude do Plano Real, e que seus membros precisam honrar a trajetória da sigla. A legenda, que vive um processo de desgaste e discute uma fusão com o Podemos, precisa ter “capacidade de fazer política com posições”, segundo ele. “Não devemos estar nem na órbita de Bolsonaro nem na de Lula. Se for assim, para que existir? Para ser linha auxiliar de um ou de outro?”, questiona Anibal.